Disciplina de voto essa, que só reforça a opção do principal partido do Governo pelo autoritarismo que é já constante e ultrapassa o tolerável. Disciplina de voto essa que divide o partido internamente e que divide também a maioria. Disciplina de voto essa que leva quase duas dezenas de deputados submetidos a tal obrigação a apresentarem declarações de voto. Disciplina de voto essa a levar também à demissão da vice-presidente da bancada do PSD, Teresa Leal Coelho.
Dentro da maioria, os centristas abstiveram-se. Uma atitude covarde. Não votaram a favor com medo de serem responsáveis pela aprovação. Não votaram contra com medo de serem responsabilizados por reprovar a proposta. O CDS-PP tem é medo da responsabilidade!
Depois de medidas inconstitucionais, medidas imorais, demissões (não) “irrevogáveis” curadas por cargos para encher egos, que tem no Presidente da República uma máquina de suporte de vida deste governo que há muito definha. Presidente da República esse que, disfarçado por uma aparência sonsa e apática, vai agindo autocraticamente, de forma muito semelhante à de governar à de quem possuía o Poder em Portugal nos tempos em que era PIDE, declarando-se, inclusive, na ficha de inscrição da mesma como “integrado no actual regime político”.
Preocupante, deveras preocupante, é também, e sobretudo, o facto da proposta do referendo ter partido de uma juventude partidária como a JSD. Uma juventude partidária que, em vez de defender o progresso ideológico luta pelo seu retrocesso. Uma juventude partidária que, em vez de defender a liberdade a trata como acessório, não a entendendo como sendo para todos. Uma juventude partidária que funciona para servir os interesses do partido de forma ainda mais retrógada que a do próprio partido. Uma juventude partidária que só contribui para os piores preconceitos em relação às juventudes partidárias e para a falta de fé nas mesmas.
À esquerda temos uma juventude partidária, que arrasta o Partido Socialista em medidas que estabelecem uma mudança de paradigma em questões como a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, o casamento homossexual e a própria co-adopção por casais homossexuais que tem como um dos principais proponentes o ex-líder da Juventude Socialista, Pedro Delgado Alves. Uma juventude partidária que luta e defende o progresso ideológico e a liberdade para todos. Uma juventude partidária que defende que não existem famílias de “1ª e de 2ª”. Uma juventude partidária de esquerda e que não cede mantendo-se fiel aos seus ideais.
No fundo uma juventude partidária que é jovem. Jovem mas madura.
Esta proposta de referendo põe em causa a igualdade. Esta proposta de referendo põe em causa os direitos humanos. Esta proposta de referendo viola a garantia de proteção do bem-estar de crianças que precisam de ver reconhecidas na lei as suas mães e os seus pais. Esta proposta de referendo não permite que estes exerçam as suas responsabilidades para com os seus filhos. Esta proposta de referendo não é séria.
Esta proposta de referendo não pode chegar a ser um referendo!